POESIA & QUALIDADE DE VIDA
Uma dose de poesia diária é um excelente remédio para a alma.
Esse espaço é reservado para compartilharmos poemas que nos tocam profundamente e que elevam nossa estima
contato: bioterapias_bioclinica@hotmail.com
O valioso tempo dos maduros
"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo pra viver daqui para frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana: que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!"
Mário Coelho Pinto de Andrade
ÂMAGO
Beatriz Silva Monteiro (16 anos), estudante do IFSP - Campus Cubatão.
BAGAGENS
São bagagens, Fábio.
São as bagagens do amadurecimento.
São as responsabilidades e consequências
Sabe por que eu digo isso, Fábio?
Quando eu era criança,
após um dia relaxante nas águas do mar, sentia as ondas da praia batendo no meu corpo,
e aquela sensação me acompanhava até a hora de dormir.
Era uma sensação tão pura e tão estranha...
aos olhos de uma criança, deveria ser usual.
É... estamos acostumados a estranhar as coisas mais naturais da vida.
São bagagens da vida, Fábio.
Um dia você as prepara.
Um dia você as carrega - por mais doloroso que seja -
e um dia você as esquece:
Em uma estação de metrô,
no boteco da esquina,
ou nos olhos de outra pessoa.
São bagagens da responsabilidade. São as bagagens da puberdade, são
as lições de moral
dizendo que não se pode carregar todos os pesos da vida,
porque a vida é uma flor que desabrocha gradativamente.
A única coisa que ela nos deixa, é a impressão,
impressão viva das malditas dores nas costas e dos calos entre os dedos.
Hoje em dia, eu não as sinto mais, não sinto mais as ondas;
não oscilo mais em meus próprios pensamentos.
Os pesos das bagagens me tiraram aquela leveza.
Com o tempo, pedras foram surgindo em minhas botas...
Eu não me recordo da sensação de liberdade e de plenitude.
É como fazer uma pedra boiar, Fábio. Eu estou tão cheia dessas malditas pedras!
Espero ansiosamente pelo dia que pararei,
sentar-me-ei, tomarei uma xícara de chá,
descalçarei minhas botas e retrairei as pedras,
e então ouvirei meu subconsciente perguntar-me: "Já está na hora?",
eu direi que já passou da hora.
Sabe por quê, Fábio?
Não sentimos as pedras cutucando os nossos pés, por mais desconfortável que seja no início.
Já nos acostumamos com a dor, nenhum outro sentimento sequer nos interessa.
Talvez seja a realidade do convencimento.
De uma coisa eu estou certa. Determinado dia, eu desatarei esse maldito nó que me prende junto as pedras,
e livrar-me-ei das bagagens, que me impedem de boiar.
A vida já é pesada demais
e sinceramente,
eu não necessito desse peso usurpando a minha consciência.
Autora: Beatriz Fadel Martins da Silva
Idade: 16 anos
Profissão: Estudante do Instituto Federal de Cubatão

Gostaria de dizer que vale a pena amar.
Divaldo Franco

O Mais Belo Poema de Charlie Chaplin
Este é um poema de Charlie Chaplin, escrito em seu 70º aniversário, em 16 de abril de 1959.
Quando comecei a amar-me, eu entendi que em qualquer momento da vida, estou sempre no lugar certo na hora certa. Compreendi que tudo o que acontece está correto. Desde então, eu fiquei mais calmo. Hoje eu sei que isso se chama Confiança.
Quando eu comecei a me amar, entendi o quanto pode ofender alguém quando eu tento impor minha vontade sobre essa pessoa mesmo sabendo que não é o momento certo e a pessoa não está preparada para isso, e que, muitas vezes, essa pessoa era eu mesmo. Hoje, sei que isso significa Desapego.
Quando comecei a amar-me eu pude compreender que dor emocional e tristeza são apenas avisos para que eu não viva contra minha própria verdade. Hoje eu sei que a isso se dá o nome de Autenticidade.
Quando comecei a amar-me, eu parei de ansiar por outra vida e percebi que tudo ao meu redor é um convite ao crescimento. Hoje, eu sei que isso se chama Maturidade.
Quando comecei a amar-me, parei de privar-me do meu tempo livre e parei de traçar magníficos projetos para o futuro. Hoje, faço apenas o que é diversão e alegria para mim, o que eu amo e o que deixa meu coração contente, do meu jeito e no meu tempo. Hoje eu sei que isso se chama Honestidade.
Quando comecei a amar-se, tratei de fugir de tudo o que não é saudável para mim, de alimentos, coisas, pessoas, situações e de tudo que me puxava para baixo e para longe de mim mesmo. No início, pensava ser "egoísmo saudável", mas hoje eu sei que trata-se de Amor Próprio.
Quando comecei a amar-me, parei de querer ter razão. Dessa forma, cometi menos enganos. Hoje, eu reconheço que isso se chama Humildade.
Quando comecei a amar-me, recusei-me a viver no passado e preocupar-me com meu futuro. Agora eu vivo somente este momento onde tudo acontece. Assim que eu vivo todos os dias e isto se chama Consciência.
Pessoas Felizes
Clarice Lispector
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.